Os alunos da turma da frente normalmente são considerados comprometidos, dedicados e participativos. Já os alunos do fundão costumam ser rotulados como tagarelas, bagunceiros e descompromissados.
Para mim, faz mais sentido interpretar o comportamento dos alunos do fundão por outro ângulo. Considero que eles são comunicativos, criativos e questionadores. Ainda assim, menos participativos nas aulas por não se sentirem interessados pelo formato do ensino tradicional ou pelos conteúdos e competências cobrados pela escola.
O aluno do fundão não deve acreditar que o futuro dele será miserável se ele não souber calcular a tangente do triângulo retângulo ou classificar orações subordinadas. Ele precisa saber que possui habilidades desejáveis e que, se potencializadas, farão com que ele tenha um futuro de sucesso.
Por que não substituir o tempo que o aluno gasta escrevendo no caderno o que já está escrito no quadro por um projeto colaborativo em que possa colocar em prática o seu poder de comunicação e utilizar sua inteligência social? Isso certamente o deixaria mais interessado e participativo na aula.
Por outro lado, a escola também deve mostrar aos alunos da frente que apenas notas boas não irão garantir um futuro de sucesso, por isso precisam investir tempo em atividades que vão além de decorar a matéria para a prova.
A falta de interesse pelas competências que a escola definiu anos atrás como essenciais não podem definir o futuro profissional do estudante. Segundo o “Relatório do Futuro do trabalho” do Fórum Econômico Mundial (FEM), algumas das habilidades que estarão em alta no mercado de trabalho até 2025 são: resiliência, inteligência emocional, persuasão e negociação. Existe um mar de competências que ainda não são valorizadas pela escola, mas que serão determinantes para o sucesso profissional dos estudantes.
Uma pesquisa do Institute for the Future (IFTF) aponta que cerca de 85% das profissões que existirão em 2030 ainda nem foram inventadas. Com o mundo em constante e rápida mudança, novas habilidades se tornam necessárias, e os alunos terão que lidar com um futuro que ainda não conhecemos. Diante desse cenário, aprender a aprender é mais importante do que dominar uma determinada habilidade cobrada pela escola. Aprender precisa ser um valor em vez de uma regra.
Na prática, o aluno do frente tem muito o que aprender com o aluno da fundão, e vice-versa. Quem conseguir reunir as habilidades necessárias para desempenhar bem suas funções, certamente, terá um futuro profissional de sucesso.
Afinal, quem leva a melhor? Aquele aluno que tiver aprendido a aprender algo novo, independentemente se for da frente, do meio ou do fundão!
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